Portugal destaca-se na União Europeia com uma redução de 44% no consumo de pesticidas desde 2011, uma transição que coloca novos desafios e oportunidades para veterinários e agricultores. Este cenário, impulsionado pelas metas europeias de sustentabilidade como a estratégia "Farm to Fork", exige uma adaptação face a problemas como a resistência a pragas e a pressão sobre as margens de lucro. Em contrapartida, abre portas para o crescimento dos biopesticidas, a implementação da agricultura de precisão e uma maior integração de conhecimentos entre a agronomia e a medicina veterinária. A mudança para um modelo com menos químicos e mais produtos de baixo risco é inevitável, forçando os profissionais do terreno a repensar estratégias para manter a produtividade, garantir a conformidade regulatória e responder a uma nova visão de saúde pública integrada.

As atualizações regulamentares e clínicas mais recentes trouxeram importantes novidades para o setor veterinário, focadas na estabilidade, bem-estar e inovação terapêutica. A Comissão Europeia manteve a autorização do dióxido de titânio, garantindo a continuidade do fabrico e abastecimento de medicamentos essenciais. Em Portugal, a DGAV reorganizou competências ao criar uma nova divisão dedicada ao bem-estar animal, sinalizando um aumento do escrutínio e a necessidade de as clínicas reverem a sua conformidade. No campo da dermatologia, a aprovação de duas novas opções terapêuticas para a dermatite alérgica canina vem alargar o arsenal clínico, exigindo a atualização de protocolos e a formação das equipas.

A eutanásia veterinária representa um dos maiores desafios emocionais e éticos do setor, afetando profundamente tanto os tutores, que enfrentam dilemas entre amor, culpa e constrangimentos económicos, como os profissionais, que sofrem um elevado impacto na sua saúde mental, agravado pela falta de formação em comunicação e apoio emocional. O contexto legal na Europa é heterogéneo, com Portugal a focar-se no sofrimento irrecuperável, Espanha a adotar uma controversa política de "sacrifício zero" e França a conceder maior autonomia ao veterinário. Para navegar esta complexidade, organizações internacionais recomendam diretrizes e ferramentas específicas que promovem uma "boa morte", sublinhando a necessidade de capacitar as equipas clínicas para garantir uma abordagem mais compassiva que cuide simultaneamente do bem-estar animal e da saúde mental dos envolvidos.

O setor veterinário registou avanços significativos no último mês, marcados por uma reorganização administrativa e a consolidação de tendências europeias. Em Portugal, a centralização de competências sobre animais de companhia na DGAV promete simplificar processos e reduzir a burocracia. A nível europeu, o sistema espanhol PRESVET foi validado como um modelo de referência para o controlo de prescrições de antibióticos, enquanto a expansão de alertas sanitários como a Língua Azul e a Febre Aftosa reforça a urgência de investir em prevenção e biossegurança. Paralelamente, a crescente adoção da telemedicina e da inteligência artificial consolida-se como uma mudança inevitável, exigindo uma rápida adaptação das clínicas para se manterem competitivas no futuro.

O verão agrava o paradoxo do setor veterinário, onde o aumento dos riscos clínicos e das urgências coincide com a redução das equipas, e a telemedicina surge como uma ferramenta estratégica para garantir a continuidade dos cuidados. Estatísticas confirmam um aumento significativo de emergências como golpes de calor e ingestões acidentais, sobrecarregando os serviços presenciais. Neste cenário, a telemedicina permite uma triagem eficiente para diferenciar casos urgentes, realizar reavaliações, gerir doenças crónicas e oferecer aconselhamento, aliviando a pressão sobre as clínicas e melhorando a capacidade de resposta. Embora não substitua o diagnóstico presencial, esta abordagem digital, já bem aceite pelos tutores, otimiza recursos e assegura um apoio crucial durante a estação mais crítica do ano, exigindo protocolos adaptados tanto das equipas clínicas como dos seus parceiros logísticos.

A abordagem "One Health" estabeleceu-se como um novo paradigma na medicina veterinária, reconhecendo a interconexão indissociável entre a saúde animal, humana e ambiental para enfrentar desafios como zoonoses e a resistência antimicrobiana. Esta visão, já institucionalizada por organizações globais como a OMS e a WOAH, está a ser implementada em Portugal através de novos regulamentos sobre medicamentos, maior rastreabilidade e programas académicos integrados. Na prática, isto transforma o papel do médico veterinário, que passa a ter uma responsabilidade ecológica e estratégica na prescrição, exigindo mais rigor na biossegurança, na prevenção e na educação. Para enfrentar estes desafios, são necessárias redes de confiança e parceiros fiáveis que ajudem a aplicar este conhecimento de forma integrada no terreno.

Diagnóstico inteligente, novas regulamentações e sustentabilidade: tudo o que precisa de saber!

O mês de junho trouxe novidades cruciais para o setor veterinário português e europeu. Da regulamentação à inovação tecnológica, reunimos as mudanças mais importantes que irão impactar diretamente o seu dia a dia.

A época de verão representa um período crítico para a segurança dos animais de companhia, com um aumento alarmante de abandonos, golpes de calor, intoxicações e outras emergências veterinárias, muitas vezes evitáveis. Para mitigar estes riscos, os tutores devem adotar medidas proativas, como evitar passeios e deixar animais em viaturas durante as horas de maior calor, planear viagens com antecedência consultando um veterinário para garantir vacinas e documentação, e manter uma vigilância redobrada durante convívios para impedir a ingestão de alimentos tóxicos. A prevenção é a chave, e a informação sobre como reconhecer sinais de perigo e agir rapidamente — como arrefecer um animal com suspeita de golpe de calor antes de o transportar — é fundamental para garantir umas férias seguras e felizes para toda a família.

Uma mudança estrutural nos hábitos de consumo está a moldar o setor veterinário, forçando uma adaptação de clínicas e distribuidores. Os tutores de animais, mesmo em contexto de inflação, recusam-se a comprometer a qualidade da alimentação, priorizando a prevenção. A crescente "humanização" dos animais, impulsionada pelas gerações mais jovens, aumenta a procura por produtos personalizados, transparentes e sustentáveis, tornando a rastreabilidade e a ética fatores de compra essenciais. Adicionalmente, a tendência para realizar a higiene dos animais em casa abre novas oportunidades de mercado. Para prosperar, o setor deve responder com ofertas flexíveis, comunicação clara sobre a origem dos produtos e uma aposta forte em modelos digitais que correspondam a este novo consumidor informado e exigente.

O setor veterinário europeu consolidou, no último mês, a sua transição para uma nova fase, marcada por um significativo reforço da regulamentação e da vigilância científica. Esta mudança manifesta-se em várias frentes: desde o controlo mais apertado do ciclo de vida dos medicamentos pela EMA e novas regras para alimentos medicamentosos em Portugal, até à maior clareza na clínica de equinos e à crescente exigência na rastreabilidade ambiental. Em paralelo, a transformação digital acelera, com a inteligência artificial a tornar-se uma realidade no apoio ao diagnóstico e as plataformas de telemedicina a serem validadas, exigindo maior responsabilidade na gestão de dados. Em resumo, estas tendências convergem para um cenário com menor espaço para improviso, que valoriza a ciência aplicada e a necessidade de parceiros fiáveis para navegar na complexidade crescente da profissão.

O congresso ESVONC for Nurses 2025, que decorreu no Porto, destacou o papel central da enfermagem na oncologia veterinária, sublinhando que liderar é também cuidar. Com o apoio da SOPRO, o evento focou-se em temas práticos e cruciais como a gestão da dor como prioridade, a administração segura de quimioterapia e a sustentabilidade ambiental na prática clínica, contando com a perspetiva de especialistas como a Enfermeira Veterinária Ana Costa. Mais do que um encontro científico, foi um espaço de validação e partilha que reforçou a importância da formação contínua e do reconhecimento dos enfermeiros e técnicos como peças fundamentais para a construção de equipas clínicas eficazes e compassivas.

Para além das tendências óbvias, uma análise atenta ao setor pet revela sinais de mudança menos visíveis, mas cruciais para o futuro da veterinária. O mercado mostra-se desigual, com a estagnação do segmento de “outros pets” a contrastar com o boom de produtos de higiene sofisticados. Ao mesmo tempo, a confiança do consumidor desloca-se das marcas para os retalhistas, com a ascensão das marcas brancas, e emerge um novo perfil de tutor — o homem jovem — ainda pouco considerado. No plano profissional e regulatório, os desafios são igualmente significativos: a hesitação dos veterinários em adotar a inteligência artificial, o aumento do controlo sobre medicamentos, como mostra o exemplo da Irlanda, e os sinais de alerta sobre uma possível quebra no número de profissionais em Portugal. Estes fatores pintam o quadro de um setor com complexidades que exigem uma atenção estratégica para além do superficial.

A participação da SOPRO na edição recorde da Zoomark 2025, em Bolonha, identificou uma clara transformação no setor veterinário, que avança para um futuro mais tecnológico, preventivo e sustentável. As tendências dominantes apontam para a integração de diagnósticos com wearables e monitorização remota como o novo normal na prática clínica, uma aposta crescente em nutrição funcional de base científica, a consolidação da sustentabilidade certificada como critério de escolha e a evolução da distribuição para um papel de parceiro estratégico e integrado. Em síntese, a clínica do futuro será mais consultiva e eficiente, o que exige parceiros preparados para um mercado que valoriza a inovação e o cuidado proativo.

O mês de abril marcou uma aceleração de tendências no setor veterinário, assente em três pilares principais: a consolidação da inteligência artificial como uma ferramenta prática e eficiente no diagnóstico clínico, permitindo análises mais rápidas e precisas; o reforço da regulamentação em Portugal, com novas diretrizes para medicamentos e maior controlo na rastreabilidade animal para garantir mais segurança; e a crescente exigência dos tutores, que, impulsionados pela "humanização" dos seus animais, procuram cada vez mais produtos premium e serviços personalizados. Esta convergência resulta numa prática veterinária mais tecnológica, segura e rigorosa, moldada por um consumidor final mais informado e envolvido no bem-estar dos seus animais.

Da tecnologia à regulamentação e explicamos-lhe as tendências que vão marcar o futuro deste negócio.

O setor veterinário está em transformação. É um facto. Ninguém o pode negar.

Nos próximos cinco anos, a evolução tecnológica, as novas regulamentações e a exigência por práticas sustentáveis vão definir os líderes — e abrir espaço para novos protagonistas. Mas o que significa, na prática, esta revolução para veterinários, gestores e distribuidores?

Com base nos estudos mais recentes, é tempo de arregaçar as mangas e preparar o setor para mudanças que já não são uma miragem. O futuro chegou — e está à porta da sua clínica.

Revemos aqui algumas das tendências que em breve farão parte do seu dia a dia: